Os migrantes foram da Nigéria até à ilha Gran Canária e foram resgatados pela polícia marítima espanhola
Foram 11 dias empoleirados na lâmina do leme do navio petroleiro Alithini II, com bandeira maltesa, desde a cidade nigeriana de Lagos até Las Palmas, a capital da ilha Gran Canária, onde foram avistados e resgatados, ontem, pela polícia marítima espanhola.
O espaço limitado e perigoso do leme (cerca de cinco a seis metros, dependendo do tamanho da embarcação), a meio metro da linha de água e sujeito às intempéries marítimas, foi o suficiente para se agarrarem à hipótese de alcançarem a Europa. Os três jovens, de origem subsariana, de idade ainda por determinar, foram hospitalizados com desidratação e hipotermia moderada, segundo relato da agência EFE. De acordo com os registos marítimos oficiais, o navio tinha deixado Lagos no passado dia 17. A última escala feita pelo navio tinha sido na Gâmbia, a 1658 km, em linha reta, da Gran Canária. Os dados das autoridades espanholas mostram que, nos primeiros cinco meses deste ano, a migração por mar para o arquipélago aumentou 51%, em comparação com o ano anterior.
“Não é o primeiro caso, nem será o último. Os clandestinos nem sempre têm esta sorte”, escreveu Txema Santana no Twitter, jornalista espanhol especializado na cobertura do fenómeno migratório. Nos últimos anos, muitos optaram por esta arriscada saída, desde que a travessia do Mediterrâneo se tornou cada vez mais vigiada. Outra jornalista espanhola, María Martín, recordou o testemunho do pequeno Prince, um nigeriano de 14 anos que, em 2020, fez exatamente o mesmo percurso, sobrevivendo a 15 dias sem comer e a beber apenas água salgada, agarrado à esperança de um futuro melhor. Após recuperar da saga, escrevia no seu perfil de Facebook: “A tristeza não fazia parte do plano”.
Em casos anteriores, coube ao armador do navio tratar do regresso dos migrantes ao ponto de origem. Ainda não se sabe qual será o destino destes três migrantes, após a sua recuperação. Eles já provaram, como escreveram os Xutos, que nada temem.
Por: Joana Loureiro