Pioneira e uma das principais referências no tratamento da pele negra no Brasil, Katleen Conceição faz parte do time das 10 Change Makers que trabalham pelo encontro da beleza e do propósito. Com uma agenda estrelada de pacientes, ela é uma das maiores incentivadoras do autocuidado para a população negra e estuda para trazer os benefícios da tecnologia para as peles pigmentadas.
Pensar que há menos de 20 anos a dermatologia no Brasil não tratava de maneira específica as questões da pele negra é, no mínimo, surpreendente. Em uma área médica que se dedica a cuidar da pele, não priorizar características étnicas é de se preocupar. E a história continuou a mesma até que a dermatologista Katleen Conceição, ao final da sua segunda residência, percebeu a lacuna. “Comecei a receber pacientes negros, indicados por outros dermatos, porque acreditavam que eu podia resolver aqueles problemas. Mas porque eu sou negra, e não porque eu tinha essa especialização. Então eu entendi a necessidade e fui estudar”, relembra.
Em suas buscas descobriu que havia uma recém inaugurada instituição dedicada a pele negra e pigmentada nos Estados Unidos. Se inscreveu no Congresso do American Academy of Dermatology, em San Francisco, em 2006, e já de cara foi brindada com uma aula de 7 horas ininterruptas sobre as particularidades das peles de cor. “Era tanta informação, tantas possibilidades, que eu comecei a chorar durante a aula, porque na hora eu entendi que o que acontecia no Brasil era racismo, não só descaso”, concluiu, alertando que a classe médica brasileira não acreditava no negro como cliente, com auto-estima suficiente para querer se cuidar.
Hoje, a pioneira e principal referência do setor no Brasil, vibra ao ver o tamanho do movimento que começou: “A relação com a estética e com o autocuidado da população negra no Brasil mudou de posição e, para além dos resultados de mercado, nasceu um novo olhar sobre a qualidade da pele, dos cabelos e das possibilidades que existem neste universo”.
Por: Paola Deodoro
